A Associação dos Amigos da Casa da Criança e do Adolescente do Morro do Mocotó (Acam), entidade integrante do Instituto Pe. Vilson Groh (Rede IVG) repudia a violência da Polícia Civil de Santa Catarina, que utilizou, na manhã de sexta-feira (22), de uso de força excessiva contra um dos colaboradores que realizava a entrega de cestas básicas e outros itens para as famílias da comunidade.
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, a Acam realiza suporte para mais de 100 famílias. Isso acontece por meio da distribuição de alimentos, materiais de higiene e limpeza e orientando a população. Além disso, há mais de 25 anos no Morro do Mocotó, a instituição manifesta continuamente seu compromisso em defesa dos direitos sociais. Dessa forma, tenta diminuir o sofrimento causado pela ausência do Estado por meio das políticas públicas e tentando evitar que o mesmo promova ações de violência que possam impactar na vida da comunidade e da cidade de maneira geral.
“Estado ausente para a garantia dos direitos da população e presente na prática coercitiva”, destaca a nota emitida pela entidade na noite de ontem.
Lamentavelmente, um dos trabalhadores da Acam, devidamente uniformizado, desempenhando suas funções de trabalho, enquanto carregava caixas de alimentos orgânicos, foi abordado com os demais trabalhadores da equipe por seis policiais civis. Eles solicitaram que levantasse a camiseta. Frente à recusa do funcionário, que argumentou estar em exercício laboral, foi agredido verbal e fisicamente diante de seus colegas. Segundo a Acam, a única característica que o difere dos demais é a cor de pele – um trabalhador negro. “Não havia nenhum comportamento que o enquadrasse em uma situação que necessitasse de uma abordagem policial – e nada justifica a violência como ocorreu”, denuncia.
A Acam reitera que foi um episódio que demonstra desrespeito da Polícia Civil pela instituição e abuso de autoridade. Além disso, é uma postura racista que contribui ainda mais para o ódio e para os ideais há muito praticados de genocídio da população jovem, pobre e negra das periferias. “Lembramos que a violência se opõe à ética, à moral e à educação e deve ser repudiada por todos, em todas as suas formas”, encerra a nota.